Jaguar Land Rover prepara retomada da produção após ataque cibernético

A Jaguar Land Rover anunciou a retomada gradual da produção em suas fábricas, após um mês de paralisação total causada por um ataque cibernético iniciado em 31 de agosto, que impactou operações no Reino Unido, Brasil e outros países. A unidade de motores em Wolverhampton será a primeira a reiniciar em 6 de outubro, com foco em sistemas de TI seguros, enquanto o governo britânico oferece garantia de £ 1,5 bilhão para fornecedores afetados. Apesar da crise, a produção de veículos eletrificados cresceu 40,9% em agosto, impulsionando o setor automotivo do país.

Maior empregadora da indústria automotiva britânica, a empresa informou que está promovendo um retorno controlado e por etapas das atividades, para garantir que os sistemas de TI voltem a funcionar de forma “segura e protegida”.

A primeira fábrica a entrar em operação, em 6 de outubro, será a unidade de motores de Wolverhampton, na região central da Inglaterra. Em comunicado, a empresa disse que continua  trabalhando “dia e noite” com especialistas em cibersegurança, o governo britânico e a polícia, para garantir uma retomada segura.

O governo do Reino Unido anunciou uma garantia de empréstimo de £ 1,5 bilhão (R$ 10,7 bilhões) para apoiar a cadeia de fornecedores da JLR. O crédito será concedido por bancos privados, com garantia da agência de crédito à exportação UK Export Finance.

O ataque forçou a paralisação de fábricas e operações de varejo em vários países, inclusive no Brasil, afetando também fornecedores — muitos ficaram sem vendas e chegaram a demitir funcionários. A retomada parcial deve aliviar parte dessa pressão.

Controlada pelo grupo indiano Tata, a JLR tem 33 mil empregados e é a segunda maior fabricante de carros do Reino Unido, atrás apenas da Nissan. Além disso, aproximadamente 100 mil pessoas trabalham em empresas da cadeia de suprimentos.

A JLR é uma das várias empresas britânicas afetadas por ciberataques neste ano. O mesmo grupo reivindicou ações contra redes de varejo como M&S e Co-op, causando prejuízos de centenas de milhões de libras em vendas perdidas.

Produção de carros no Reino Unido teve o pior agosto desde 1956

A indústria automotiva britânica registrou, em agosto de 2025, seu pior resultado para o mês em quase 70 anos. Segundo a Society of Motor Manufacturers and Traders (SMMT, a Anfavea britânica), a produção de carros e vans caiu 18,2% na comparação anual, com apenas 38.693 unidades saindo das fábricas.

Tamanha queda ocorreu antes mesmo do ciberataque à Jaguar Land Rover. A produção para o mercado interno subiu 11,5% (7.162 unidades), mas não compensou a retração de 14,2% nas exportações, que respondem por 81% dos veículos produzidos no país.

A crise da JLR agravou o cenário. O ataque travou fábricas em Solihull e Halewood e paralisou fornecedores e empresas de logística. Analistas alertam que os números de setembro serão  ainda piores.

O setor de veículos comerciais também sofreu: a produção despencou 73,2%, para 1.621 unidades, em boa parte por mudanças na linha de vans da Vauxhall, marca hoje sob o comando da Stellantis. Com isso, o total de veículos produzidos no Reino Unido foi o mais baixo para agosto desde 1956.

Há, no entanto, um ponto positivo: a produção de eletrificados (híbridos convencionais, híbridos plug-in e elétricos puros) disparou 40,9% no mês, para 16.830 unidades — quase metade de todos os carros fabricados. No acumulado do ano, já são mais de 200 mil híbridos e elétricos produzidos, puxados pela forte demanda de exportação na Europa.

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