A Stellantis, mais uma vez, é forçada a pisar no freio na produção de alguns modelos com vendas fracas na Europa e nos EUA. O principal deles é o Alfa Romeo Tonale – o que não chega a ser surpresa. Embora a marca do cuore tenha comemorado um crescimento geral de 33% em emplacamentos na Europa no primeiro semestre, o crossover compacto está encalhado.
De acordo com dados da consultoria Dataforce, citados pela Automotive News Europe, a demanda pelo Tonale despencou 42,1% até agosto, somando apenas 10.840 unidades vendidas no Velho Continente.
Nos Estados Unidos, a Alfa Romeo registrou uma queda geral de 34% no primeiro semestre, com todos os três modelos apresentando recuos de dois dígitos: Giulia (-32%), Stelvio (-40%) e Tonale (-28%). Juntos, os três modelos somaram apenas 3.164 unidades vendidas.
O “primo americano”, Dodge Hornet, encolheu ainda mais – teve um recuo de 52%, para 5.647 unidades no mesmo período (tanto o Tonale quanto o Hornet usam a mesma plataforma Small Wide do Jeep Compass. Até a distância entre-eixos é igual: 2,63 m).
Diante da falta de interesse pelo Tonale, a Stellantis vai interromper a produção na fábrica de Pomigliano, no sul da Itália, entre 29 de setembro e 10 de outubro. É lá também que o Dodge Hornet é montado e exportado para os EUA. Um facelift do Tonale está previsto para os próximos meses, podendo ajudar na virada a partir de 2026 – mas as expectativas não são grandes.
Segundo a Reuters, o Fiat Panda de terceira geração, também produzido em Pomigliano, terá suas linhas paradas entre 29 de setembro e 6 de outubro. Não é a primeira vez que o veterano subcompacto tem sua produção paralisada por vendas fracas.
A Stellantis mantém o modelo de 14 anos em linha mesmo após o lançamento do novo Grande Panda em 2024. A Dataforce aponta que o Panda acumula queda de cerca de 5% neste ano na Europa, passando de 89.307 para 84.793 unidades entre janeiro e agosto.
O Tonale e o Panda não são os únicos Stellantis que terão um intervalo forçado. A produção do Opel Mokka e do DS 3 também será suspensa, entre 13 e 31 de outubro. Ambos são feitos na unidade de Poissy (na região metropolitana de Paris), onde a Stellantis está reduzindo o ritmo “para adaptar a produção às dificuldades do mercado europeu”, afirmou um porta-voz à Reuters.
A fábrica de Poissy é uma das mais antigas do grupo. Começou a ser construída em 1938, pela Ford francesa (Ford SAF). Durante a Segunda Guerra, foi ocupada pelos alemães e severamente bombardeada. Em 1954, passou às mãos da Simca, que fazia ali os seus Aronde, Vedette e Chambord, entre outros modelos. Em 1970, foi incorporada pela Chrysler e, oito anos depois, vendida à PSA Peugeot Citroën. Desde 2021, faz parte da Stellantis.
No geral, o desempenho da Stellantis na Europa não tem sido animador em 2025. Segundo a ACEA (Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis), as vendas do grupo caíram 8,1% até julho, recuando para 1.192.746 unidades. Opel/Vauxhall, Citroën, Fiat, DS e Lancia estão em baixa, enquanto Peugeot, Jeep e Alfa Romeo registram alta na comparação anual.
No caso da Alfa Romeo, o tombo do Tonale vem sendo compensado pelo novo Junior, crossover subcompacto que a Stellantis não vende nos EUA. Esse modelo do segmento B já acumula mais de 45 mil pedidos em 38 países, com expectativa de crescimento conforme entra em novos mercados.
Se olharmos só para o mercado italiano, a Fiat vai muito bem, com crescimento de 31,7% este ano, graças em boa parte ao recente lançamento do Grande Panda.
